Apenas ouça a natureza…

Era um domingo como outro qualquer a não ser pela chuva que teimava em cair solta pela janela do imóvel recém-alugado numa dessas promoções de fim de ano… A única coisa que eu queria era sossego, paz, me livrar do estresse da cidade, das obrigações do trabalho, das mensagens do chefe de madrugada me obrigando a fazer mil relatórios… Definitivamente a cidade não me fazia bem, tudo que eu queria era me mudar pra floresta de Downtown Valley criar meus filhos e viver de amor, escrevendo meus devaneios na tranquilidade de uma rede em meio ao por do sol.

Parecia que eu havia-me transportado para outro país, às coisas começavam a fluir: pensamentos, imaginação, sem correspondências do mundo real com cobranças, eu estava livre de tudo, estava livre para ser quem eu quisesse ser. Eu poderia sair no quintal pelada sem nenhum problema, não tinha vizinhos para me vigiar, estava só, comigo mesma, e me sentia completa.

Em meio a essa completude, uma única coisa que ainda sim me deixava incompleta era a sua ausência. Passei grande parte do meu tempo, caminhando entre as árvores em busca de respostas para as minhas indagações sobrenaturais, mas nunca obtive sucesso. Era mais fácil acreditar que fugindo estaria me libertando, ledo engano. Quanto mais se foge, mais as perturbações te perseguem, o negócio é encará-las com garra e determinação, pois a vida é como um sopro, para morrer basta estar vivo.  A natureza é o caminho em que as respostas mais sinceras hão de ser encontradas, seja no barulho da cachoeira, ou da cigarra cantante, da brisa corriqueira ou até mesmo do grilo falante… Apenas ouça o som da natureza, o mais sincero de todos os sons do mundo.

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