Aquele do café

Ela foi incisiva: Por que você ainda não marcou aquele café com ela?
– Eu vou marcar, um dia desses.
– Um dia desses? Por que não amanhã?
– Por que sim amanhã?
– O que houve de errado no se último café com ela?
– Nada, pelo contrário foi ótimo.
– Então a deixe esperando mais… – disse ela já cansada.
– Esperando? Ela é o tipo de mulher não espera, ela é o tipo de mulher que eu espero.
– Está esperando o que? Logo ela cansa ou encontra alguém que não a deixe esperando.

Depois dessa conversa eu entendi que não existem mulheres inacessíveis e sim mulheres que precisam de algo além do que uma bajulação. Nesse dia aprendi que o que eu tenho a oferecer vai além de ser uma boa conversa por algumas horas duas vezes por ano.

Ela precisava de atenção, não daquela fútil quando se quer parecer algo que não é. Ela precisa da atenção que eu dava, olho no olho, celular desligado. Ela não sabia que precisava disso, mas eu a fazia se sentir especial e ela não se sentia assim desde o último namorado na faculdade anos atras.

Ela gostava de se sentir dona da situação e isso era encantador mas ao mesmo tempo intimidante. Por isso eu não convidava mais. Eu queria estar ao lado dela, só tinha medo de que ela soubesse disso. Ela queria que eu estivesse sempre ao lado dela, mas tinha medo de que eu não quisesse isso.

Eu não estava lá quando a convidei pra sair novamente, mesmo lugar, mesmo café. Quem estava lá me falou que poucas vezes viu um sorriso tão grande, aquele sorriso com os olhos, como dizem. Eu queria estar lá.

Nossos cafés se tornaram uma rotina, as vezes nosso café era um SMS perdido no meio do dia, ás vezes uma pint de Guinness num pub no meio da cidade, outras vezes uma foto tremida tirada com o celular e uma legenda: lembrei de você. Nossos café se tornaram nossos motivos para sorrir.

Nossos café teriam sido o de melhor que poderia ter acontecido em nossas vidas. Mas quando ela me pergutou:  “- Está esperando o que? Logo ela cansa ou encontra alguém que não a deixe esperando. “ Eu fiquei pensando, pensei tanto que nunca marquei aquele café. Eu entendi absolutamente tudo que eu deveria ter feito, só não fiz..

Talvez um dia, daqui a alguns anos nós nos encontremos para um café e ela me conte sobre a vida. Talvez eu pergunte: “- e se?” Talvez ela me responda como eu mereço. Talvez ela só responda.

2 Comments

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    DaineBiianco julho 31, 2019 (2:39 pm)

    Eu não sei se amo mais suas escritas ou você.

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      DianeBiianco julho 31, 2019 (2:40 pm)

      Eu não sei se amo mais suas escritas ou você.