2026, Brasil, a nova era.
2026, Brasil, a nova era.
Os celulares já não estavam mais condizentes com a atualidade, baterias deterioravam-se dia após dia, a modernidade parecia antiquada e ultrapassada. Seres-humanos não se comunicavam mais, a internet era um espaço de mutilação instantânea da interação verbal, relações interpessoais mutiladas, falta diálogo, emoção. A máquina dominou o planeta de tal maneira que as pessoas são apáticas, como meros robôs guiados por chips subcutâneos.
Nada mais me fazia pertencer àquele lugar. Meu chip subcutâneo determinava a cor dos meus olhos e da minha pele, meu tipo de cabelo, minhas tendências políticas, minha ideologia estava ditada num chip e a qualquer momento podia ser reprogramada caso fosse interesse do governante, a população devia seguir o regime impreterivelmente. Estávamos às cegas, sendo guiados por ideais antiquados, um conservadorismo vil e massivamente destruidor.
Não havia lugar para os sonhadores, poetas e libertinos. Nosso destino era a prisão, lugar mais asqueroso que se podia imaginar, ratos e baratas eram a única companhia das celas solitárias da grande torre de granito. Pedra, sujeira, poeira de um governo destruidor, desumano e desigual.
A sociedade humana estava à beira do caos, robôs tomavam suas posições no ranking mundial de empregos, a máquina arrasava tudo e todos. Infelicidade era pertencer àquele lugar de sobre-humanos, cada dia os suicídios se tornavam constantes nas universidades públicas, um surto tomou conta do país inteiro. O porvir continua sendo motivo de desespero para os que vivem sua vida naturalmente.
As crianças que nasciam eram sujeitas a averiguações científicas, submetidas a mil e um testes de aptidão e sensibilidade, nossas escolas formavam exércitos de robôs voltados para apoiar seres subservientes ao governo, a força de trabalho era notoriamente domesticada.
Caos, poluição, destruição… Uma população submetida à enganação política, dizimada pelas atrocidades dos digníssimos parlamentares. Dor, sofrimento, desespero de quem sabe que o futuro do Brasil está completamente acabado.