Aquele sobre o amor

Eu te amei mesmo quando eu não sabia que te amava e também quando uma carta chegava. Eu te amei quando você era apenas uma garota em um corredor esperando pelo elevador. Quando conversamos pela primeira vez, por horas ou dias, dentro daqueles minutos. Quando eu te dei meu telefone achando que você nunca ligaria. Não sei porque, mas você ligou. Quando eu cantava, mal como sempre e você sorria.

O amor muda. ele muda as pessoas, ele muda por si só, ele cresce e evolui, ele passa de um estado pro outro sem se importar com o que eu sinto, ele chega e domina, se impõe como se ele fosse a coisa mais importante do mundo, ele é.

Experimentei o amor em seu estado mais puro e simples e decidi que ele por si só bastava e por muito tempo bastou. Eu amava como amava um pescador, que se encanta mais com a rede que com o mar. Sim, eu achava tão bonito isso de ser abstrato. Era uma idéia que existia na cabeça e não tinha a menor pretenção de acontecer. Quantas vezes, eu tive que fugir, eu tive que correr, pra não me entregar às loucuras que me levavam até você?

Eu te amava enquanto você voava, vôos inimagináveis que te levavam pra longe na maioria das vezes. Distância e tempo nunca se aplicavam, era uma realidade paralela onde anos pareciam horas e um oceano não se passavam de passos. Eu te amava tanto que eu voei. Pelo mundo afora, sem data e hora certa pra voltar. Enquanto voei, também te amei.

Às vezes esse amor aparecia como em forma de uma música ou num sorriso em uma foto, houve até uma vez que em uma cafeteria do outro lado do mundo, depois de anos sem aparecer, passou por mim, foi rápido, mas uma avalanche de lembranças inigualáveis. Me fez lembrar do primeiro eu te amo que ouvi ao telefone numa conversa despretenciosa numa tarde qualquer. Nunca houve outro igual.

Quis te ver dando voltas no mundo, indo atras de você, rezando pra um dia você se encontrar e perceber que o que faltava em você era eu. Eu quis muitas coisas. No início eu queria só estar por perto, quando não podia, me distria com outras coisas tentando não pensar, às quintas, eu jogava futebol. Era uma amizade das mais incríveis, onde se ver pouco importava, era apenas um detalhe visto que nossas vidas ciganas não colaboravam. Depois, não sei quando e nem porque, eu queria te ver, no fim do dia, amanhã, depois na quarta e deixar a vontade dizer quando denovo, menos na quinta, que era dia de futebol.

Tudo mudou. E eu entendi que eu te amei. Aceitei isso fui feliz.

Te amei de todas as formas que eu conheço. Te amei mais do que ontem. Te amei até a última linha desse texto. E amanhã? Nada muda, vou continuar te amando.

Eu te amei mesmo quando eu não sabia que te amava mas eu sei que nunca foi passageiro e talvez eu te ame de janeiro a janeiro, até o mundo acabar.

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