Aquele sobre os Universos
É fácil se perder pensando na infinidade de universos, na vastidão, nos mundos e tudo mais possa existir além da nossa compreensão. Nos acostumamos desde cedo a olhar para o céu e imaginar tudo que tem lá, o que só aprendermos depois de muito tempo é a olhar pra dentro e desvendar esse universo infinito de possibilidades, o nosso infinito particular, o universo onde tudo pode, onde coração e mente coabitam de forma paradoxal porém mágica, onde cada estímulo provoca explosões de possibilidades de um lado ou de outro.
Um dia eu percebi que no meu universo eu posso tudo, posso ser astronauta antes de dormir e ao acordar, pescar estrelas entre nuvens, sentado em uma lua crescente. Eu posso ser tudo que minha criatividade permitir, quando se percebe isso, nasce aquela sensação de “incrível”, aquela coisa sobre as quais os grandes pensadores escrevem. Quando se tem essa noção do universo de possibilidades que habita de nós, olhar para o outro passa a ser mais do que um mero convívio, você pensa no universo dentro dela, quais seus sonhos, quantos mundos existem lá dentro, ainda existe sol em algum deles? Se sim, quantos? Talvez em algum dos mundos tenha apenas chuva, preparando o solo para que novas florestas tropicais nasçam. É preciso de um pouco de sensibilidade para olhar para o outro como gostaria de ser visto, não estou falando sobre julgamento de beleza ou valores, mas olhar para o outro e entender do que seu universo particular é formado, quais foram os grandes eventos que espalharam as estrelas por lá e que fizeram seus mundos como são.
Eu já conheci alguns universos por aí, uns feitos de muita alegria, você poderia passar meses viajando de um mundo para o outro lá dentro e se encantaria com cada um deles, tudo era leve, cheio de amor, com vários problemas e que mesmo assim, tudo que te oferecia era carinho e reciprocidade. Difícil não se encantar por um universo assim.
Conheci alguns mais escuros, com alguns mundos que ainda brilhavam, que ainda tinham alguma alegria, mas já não havia mais sol, algo de sombrio tinha passado por lá, me lembro de ter plantado algumas sementes quando estive lá, algumas até vi florescer, não custa deixar um pedacinho de nós em retribuição ao acolhimento recebido. Esses são fáceis de lidar, você já entende a dinâmica rápido, não se surpreende muito e independente do que esteja acontecendo lá, não é seu, você é apenas um convidado.
Mas existem universos complexos e desafiadores, cheios de mundos onde cada um deles parece ter vida própria, o equilíbrio quase harmônico lá dentro é formado por extremos, existem mundos repletos de amor, em outros você não pode passar nem perto, são sombrios, você não tem acesso a tudo, não decide o que pode ver e o que resta é acreditar que mesmo em meio a essa confusão toda que existe por lá, você é bem-vindo a voltar.
Você conhece a porta de entrada para alguns universos, sabe que é a mesma porta de saída, mas existe um magnetismo, uma troca de energias que não conseguimos definir bem, não se define se é só amor, ou apenas os mundos sombrios precisam de alguma de nossas energias para se alimentar e manter o equilíbrio, muitas vezes usamos a intuição, outras tentamos mostrar nossas estrelas mais bonitas e oferece-las em troca de outras estrelas para alimentar nosso próprios mundos inferiores. Um pedaço desses universos, fica em você, não se sabe por quanto tempo, e sim, ele tem poder de controlar algumas de suas emoções.
Não importa o quanto você olhe para fora ou para dentro, quão profundo você consiga viajar no seu universo ou nos quais você é convidado a conhecer, continue fazendo coisas boas e plantando sementes do bem por ai, talvez em algum momento você esbarre de novo em um universo já conhecido, e tenha um novo olhar e encontrem novas razões para ficar. Não tenha medo de criar galáxias em seu universo interior, explore seu desconhecido, o impossível não precisa ter significado dentro de você. Tenha galáxias, estrelas e planetas, seja um deles por dia, acredite, dentro de você a vida é eterna, a morte não faz morada, e vida é repassada e a eternidade é alcançada. Seja universo da cabeça aos pés, seja um universo para si, descubra o que intransponível, seja livre, seja leve.
É fácil se perder pensando na infinidade universos, na vastidão, nos mundos e tudo mais possa existir além da nossa compreensão, difícil é manter o olhar criativo e infantil para o mundo e para as pessoas, nos despir de toda a necessidade de julgamento, esquecer nossas cicatrizes e embarcar em viagens ao desconhecido, simplesmente pelo gosto de sentir a adrenalina da aventura. Quando você olhar para o céu, e se encantar com as estrelas, pense que talvez as estrelas que alguém precisa ver estão dentro de você, permita que elas sejam vistas.