Carta ao meu futuro eu
Não é que eu esteja contando, mas já fazem 30 dias, 15 horas e vinte minutos que eu percebi que tudo é válido enquanto existir algo que nos conecta. Nos acostumamos a manter as borboletas no armário, vivendo como um peixe fora d´água, esperando por sinais que transformem nossos dias, que nos tragam um futuro com gosto de presente, enquanto isso, servimos café para a saudade, e deixamos a dor ali, escolhendo o filme do sábado à noite, sem perceber que talvez, a sombra em forma de dragão, seja apenas a projeção de nossos medos. Então, está tudo bem se a gente espera por reciprocidade e recebe consolo, esperamos por gestos grandes e recebemos mensagens vazias, oferecemos prazeres raros, e recebemos vaidades. Estamos sim fadados ao desastre.
Daqui a 9 horas, eu já não serei mais esse eu de hoje, estarei um ano mais velho, completando mais um ano de vida, porém, aprendendo a me desapegar daquilo que não tem verdade. Pedi para meu ego tirar férias, sem data pra voltar, hoje preciso ser mais eu, deixar de dar valor às causas perdidas e começar a me perder em felicidades vividas.
Mas que mudança eu espero exatamente? Ao longo desse tempo o que eu aprendi foi que o amor eterno tem prazo de validade, você vale o que tem, que títulos só te definem em um meio social. Quem sou eu a partir de amanhã? O que eu aprisiono dentro de mim que me faz tremer da cabeça aos pés pelo simples fato de pensar em libertá-lo?
A verdade é que, eu não sei como ser diferente, como me desmontar e refazer tudo do zero, privaram-me do que me trazia adrenalina na veia, a nicotina não faz mais efeito em meu corpo, cada cigarro leva um pouco da minha alma através da fumaça, e meus anseios já não podem ser supridos por uma cama bagunçada e um corpo quente me fazendo companhia.
Então, amanhã, quando você ler isso, se embriague de você, pois a cada gole da sua verdade, vai compreender que não importa como chegou até aqui, se tem você por inteiro no presente, já está no caminho certo. E entenderá que todos os desamores e decepções não são nada comparado com a sensação de desfrutar de si mesmo nessa efêmera vida.
Texto escrito em parceria com a incrível Srt. Kah, corre lá pra conhecer o instagram dela @carta.anonima