Aquela das Tardes
Ela deu um salto quando ouviu a campainha e o tamanho do sorriso que ela abriu ao me ver coberto de neve do lado de fora quase me fez esquecer da temperatura atual. Ela tinha aquele sorriso, aquele que faz com que compositores façam músicas sobre. Foi mais uma tarde em que conversamos, gargalhamos muito, de doer a barriga, ouvimos música e vimos uma comédia romântica qualquer. Era incrível como nos dávamos bem e a horas voavam quando estávamos juntos. Eu poderia estar em qualquer lugar do mundo, mas eu queria estar ali. E eu estava. Ela também estava e afirmava não querer estar em nenhum outro lugar. No auge da minha insegurança, eu sempre pensava que eramos muito amigos pra sermos mais do que isso. Eu sempre imaginei que a perderia pra sempre se me declarasse. Um dia ela pegou um avião e voltou pra cidade natal. Nós eramos amigos e nunca fomos mais do que isso. Eu a perdi e não me declarei. Agora, anos depois, nos falamos como velhos conhecidos. E tudo que tinha que ser foi e o que talvez fosse não será mais. De vez em quando escrevo uma grande mensagem perguntando: – E se? Nunca cheguei a enviar. Tenho certeza, quase absoluta, de que ela já fez, ou ao menos pensou em fazer o mesmo.
– William Morais