Aquele sobre não ser espectador da vida

Uma noite uma garota se apresentou pra mim, ela tinha lindos olhos, olhos daqueles que te mostram a alma. Olhos que sorriam sempre. Eles eram tão maravilhosos quem nem me lembro da cor.

Ela sorriu e me disse seu nome, depois, pelas minhas contas ficamos ali conversando entre uma cerveja e outra por uns 3 dias seguidos dentro daquelas duas horas. Tudo nela era encantador, ela conversava sobre tudo como se pudesse dar uma aula. Ela tinha estudado as mesmas coisas que eu, já tinha vindo ao Brasil e tenho certeza de que voltará um dia.

A partir daquela noite ela me fez sonhar. Às vezes eu sonhava em como seria viver com ela, outras eu só sonhava em provar o gosto daquela boca, mas no geral ela me fazia sonhar com dias mais calmos, com um coração menos atribulado, me fez sonhar com o mundo que eu via através daqueles olhos. Ela acreditava na bondade das pessoas, mesmo nos momentos adversos, ela acreditava que conseguiríamos sempre colocar uma dose de bom humor e criatividade em todos os momentos da vida. Ela sumia, ela voltava. Ela estava presente nas festas e no pensamento. Mesmo quando eu via aquele sorriso de longe, lá no meio da sala conversando com outras pessoas numa rápida troca de olhares, eu conseguia ver a intensidade em que ela vivia os momentos.

Foi aí que aprendi que não sei lidar com isso. Sai de uma sala de cinema no meio de um filme para ir tomar uma cerveja com ela. E só tomamos cerveja. Ela ia jantar em casa e só jantávamos. Ao mesmo tempo em que ela me mostrava um novo mundo, parecia que eu só poderia olhar pela janela. E como um filme que se repete em minha vida, ela me disse: – na próxima terça estou indo embora.

Ela me ligou às 8 da noite dizendo que queria almoçar comigo no dia seguinte. Às onze ela desmarcou. Remarcou para as 18h, às 17h ela desmarcou. Marcamos um almoço no sábado, ela não apareceu. Pensamos em jantar e não aconteceu. Ela me acordou na terça dizendo queria muito me ver antes de ir embora, uma hora depois ela desmarcou.

E ela viajaria para o país dela, voltaria depois de um mês. Antes disso eu voltaria para o meu e nenhum dos dois jamais pisou no mesmo país novamente.

Em todos os momentos fui espectador das ações dela. Quando você conhecer alguém que te mostre um mundo maravilhoso, tenha coragem de entrar nele de cabeça. Olhar pela janela dos olhos dela me fez imaginar um mundo maravilhoso. Hoje eu imagino como seria viver naquele mundo.

Uma noite uma garota se apresentou pra mim, ela tinha lindos olhos e hoje não tenho mais medo deles, peço apenas uma nova oportunidade para poder entrar nesse mundo e não sair mais.

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