A Carta e a Árvore

No mesmo momento em que a folha cai, o carro passando pela rua. Um papel que escapa da mão enquanto o vento bate. Não um papel qualquer, era uma carta. Esses são os momentos que servem de pano de fundo para os grandes acontecimentos. Absolutamente nada acontece ao acaso. Uma cadeia de acontecimentos “aleatórios”. Não era uma carta qualquer, era daquelas, à moda antiga, com tinta de caneta, não de impressora. Que sai voando, atravessa a rua como um pássaro. Sem direção aos olhos de quem vê, mas guiada pelas teias do destino cai embaixo daquela árvore. A mesma onde as folhas se acumulam em volta, a mesma onde as lembranças ficaram. Porque cairia logo ali? No mesmo lugar citado nas linhas da carta? Talvez a carta não fosse suficiente, talvez a árvore por si só não fosse suficiente, nem mesmo o resto de lembranças a fizessem entender, mas o conjunto se faz forte. O conjunto sim faz o coração mudar o ritmo e a respiração parar. Hora de olhar as coisas como um todo, que nada está ao acaso. Refletir o porquê de tudo isso pode ajudar a responder aquela carta, seja com caneta ou batom. Mas que seja em paz.

William Morais

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