Aquele sobre tomar um café

Um dia eu chamei uma garota pra sair, tomar um café, um cinema, algum programa onde pudéssemos passar um tempo juntos. Ela disse que poderíamos marcar qualquer dia, mas ela precisava se sentir mais segura comigo, tendo certeza de que o meu passado não iria atrapalhar.

Fiquei um tempo pensando sobre isso, no quanto eu havia me estudado cada dia, cada segundo, para entender que não somos nada além do hoje. Que as experiências do meu passado não iriam mais interferir no hoje e que meu futuro seria uma consequência do agora e não do ontem. Ela não sabe o quanto foi difícil naquele momento, buscar todas as forças e convidá-la pra sair. Ela nunca saberá.

Meses depois conheci uma outra garota, conversamos muito pouco, mas o suficiente para saber que existimos. As conversas duram pouco tempo mas marcam por muito. É leve, é simples e é assim como é. E é bom. Pensei em chamá-la pra sair, até combinamos “aquele café um dia desses”. Numa manhã, depois de um oi, ela disse: – tem uma exposição que quero ver. Era a mesma que eu queria. Cinco minutos depois, os ingressos estavam comprados para daqui a dois meses. Mais dois minutos e um “nos falamos depois”. Assim, sem complicação, sem passado e futuro, só o bom e velho, vamos nos ver.

Certas relações não precisam de nada e são marcantes apenas por existir. Outras fazem tanto esforço para existir que precisam projetar no outro, nossos medos, fantasmas e tudo aquilo que gostaríamos que fizessem por nós e não fazem, para que possamos nos ver em uma zona de conforto. É a famosa necessidade de que o outro faça por nós aquilo que não somos capazes de fazer. Não tem como dar certo né?

Um dia eu chamei uma garota pra sair, e ela disse sim. Nos veremos em breve.

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